Por este andar, muitos inocentes acabarão presos


Temos de começar a habituar-nos a esta normalidade, ouve-se agora com alguma frequência a propósito dos sucessivos ataques terroristas na Europa. Normalidade? E será que temos mesmo de aceitar a barbárie daqueles que não se importam de se fazer explodir e levar com eles dezenas de crianças indefesas? 


O ato terrorista de Manchester veio apenas lembrar a algumas mentes que os adeptos do Estado Islâmico não têm limites no seu ódio à cultura ocidental, onde vivem, é certo, muitos milhões de muçulmanos tão pacíficos como outros quaisquer. Só que a Europa e o dito mundo ocidental vão ter de repensar a sua filosofia de vida. Há uns anos discutia com um político sobre as razões de tantos criminosos serem libertados por erros processuais, apesar de se saber que foram eles a cometer os crimes. Dizia-me então a personagem em questão que, à semelhança dos iluministas, também a Constituição portuguesa e o Código Penal “assentam” na premissa de que é preferível “ter 100 criminosos em liberdade do que um inocente preso”.

O problema para o mundo ocidental é que quase todos os últimos atentados terroristas foram praticados por cidadãos europeus, independentemente da sua origem, que estavam sob suspeita ou já tinham cumprido penas de prisão por ligações a grupos terroristas. Poderá o Ocidente estar sujeito a atentados de indivíduos que recusam a nossa forma de viver e já foram detidos por suspeitas disso? Para quem nem as vidas das crianças têm qualquer valor? É certo que se caminharmos no sentido contrário à filosofia iluminista, haverá muitos inocentes presos injustamente.

Mas não restam dúvidas de que um dos maiores desafios do futuro, no que à segurança diz respeito, vai passar por essa discussão. Já se sabe que a maioria odeia essa forma de pensar – ninguém no seu juízo perfeito defende que inocentes devem estar presos. Mas se os muçulmanos não começarem a denunciar os fanáticos que vivem ao seu lado, a história não irá acabar bem. Na Europa e no resto do mundo, ninguém estará em segurança, independentemente da sua origem.