Alojamento local.  40% da oferta em Lisboa recuperaram edifícios desocupados

Alojamento local. 40% da oferta em Lisboa recuperaram edifícios desocupados


Metade dos empresários esperam recuperar o investimento num ano, mas admitem que a carga fiscal continua a ser vista como uma ameaça


Cerca de 40% do alojamento local (AL) na região de Lisboa e Vale do Tejo estão instalados em imóveis desocupados que foram recuperados e 27% em casas de habitação própria. E apesar de os AL estarem localizados em imóveis relativamente recentes, cerca de 25% estão ainda instalados em edifícios anteriores a 1950. Esta é uma das conclusões do estudo feito pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), em parceria com o ISCTE e a Sítios, e que deverá ser apresentado, na sua totalidade, no final do ano.

Recorde-se que a associação tinha anunciado em setembro a ideia de fazer um verdadeiro raio-X a este setor. O objetivo era simples: “Identificar com mais detalhe a realidade do alojamento local no país, começando pela região de Lisboa, para poder compreender melhor o seu papel na indústria da hotelaria e do turismo e, assim, contribuir para o crescimento e o desenvolvimento sustentável da oferta turística.”

Daí começar a anunciar as primeiras conclusões deste estudo, que revela também que, em relação aos gestores de AL, cerca de 69% são proprietários dos imóveis, enquanto os restantes 31% são inquilinos. Quanto à tipologia mais representada, é a de apartamento (74%), seguido de moradia (12%) e hostel (9%).

Ameaças De acordo com o mesmo estudo, a esmagadora maioria dos proprietários (73%) utilizam as plataformas de reserva para promoção e comercialização. Mas cerca de 65% dos AL são geridos pelos proprietários e 57% não prescindem de fazer eles próprios o acolhimento e receção dos hóspedes.

A maioria (63%) pretende, em primeiro lugar, obter mais rendimentos e metade espera recuperar o investimento em apenas um ano. No entanto, 61% veem a carga fiscal como a maior ameaça à sua atividade.

Aliás, a questão da carga fiscal ganha maior relevo com a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano. Com a proposta do OE2017, o governo pretende aumentar o nível de tributação sobre o alojamento local e passar a tributar 35% do rendimento obtido. O regime de tributação em vigor aplica ao arrendamento urbano uma taxa liberatória de 28% sobre o total anual das rendas auferidas, enquanto o alojamento local tem uma taxa de imposto de 15% sobre o valor recebido.

Ainda assim, a AHRESP elogiou o recuo do executivo nesta matéria ao afirmar que “regista positivamente a decisão do governo no sentido de consagrar a especificidade de alojamento local em termos fiscais, permitindo que a tributação incidente sobre esta relevante atividade económica se mantenha diferenciada da do arrendamento urbano”.

Sucesso da oferta O estudo diz também que na motivação dos hóspedes para a escolha de um AL se observou que as reviews de outros hóspedes e a localização são os principais influenciadores na escolha, tendo o preço um peso também relevante (51,8%).

De acordo com o feedback dado pelos hóspedes, a maioria (85%) indica a localização de um AL, seguida do apoio do anfitrião (73%), como os principais aspetos que valorizaram na experiência tida.

Segundo os últimos dados divulgados pela Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), há 30 300 alojamentos registados: 64% de apartamentos, 30% de moradias e 6% de estabelecimentos de hospedagem (incluem os hostels). “A essência do alojamento local ainda é uma segunda habitação de praia”, representando estas habitações 65% da oferta. Os centros urbanos de Lisboa e Porto representam 23% da oferta e os outros 12% estão espalhados pelo resto do país.